Temos muito para agradecer a
Bolsonaro.
Bastaram 5 meses
de um governo atípico, "sem jeito" com o congresso e de comunicação
amadora para nos mostrar que o Brasil nunca foi, e talvez nunca será, governado
de acordo com o interesse dos eleitores. Sejam eles de esquerda ou de direita.
Desde a tal compra de votos
para a reeleição, os conchavos para a privatização, o mensalão, o petrolão e o
tal "presidencialismo de coalizão", o Brasil é governado
exclusivamente para atender aos interesses de corporações com acesso
privilegiado ao orçamento público.
Não só políticos, mas
servidores-sindicalistas, sindicalistas de toga e grupos empresariais bem
posicionados nas teias de poder. Os verdadeiros donos do orçamento. As lagostas
do STF e os espumantes com quatro prêmios internacionais são só a face gourmet
do nosso absolutismo orçamentário.
Todos nós sabíamos disso, mas
queríamos acreditar que era só um efeito de determinado governo corrupto ou
cooptado. Na próxima eleição, tudo poderia mudar. Infelizmente não era isso,
não era pontual. Bolsonaro provou que o Brasil, fora desses conchavos, é
ingovernável.
Descobrimos que
não existe nenhum compromisso de campanha que pode ser cumprido sem que as
corporações deem suas bênçãos. Sempre a contragosto.
Nem uma simples
redução do número de ministérios pode ser feita. Corremos o risco de uma MP
caducar e o Brasil ser OBRIGADO a ter 29 ministérios e voltar para a estrutura
do Temer.
Isso é do
interesse de quem? Qual é o propósito de o congresso ter que aprovar a
estrutura do executivo, que é exclusivamente do interesse operacional deste
último, além de ser promessa de campanha?
Querem, na verdade, é manter
nichos de controle sobre o orçamento para indicar os ministros que vão permitir
sangrar estes recursos para objetivos não republicanos. Historinha com mais de
500 anos por aqui.
Que poder, de
fato, tem o presidente do Brasil? Até o momento, como todas as suas ações foram
ou serão questionadas no congresso e na justiça, apostaria que o presidente não
serve para NADA, exceto para organizar o governo no interesse das corporações.
Fora isso, não governa.
Se não negocia com
o congresso, é amador e não sabe fazer política. Se negocia, sucumbiu à velha
política. O que resta, se 100% dos caminhos estão errados na visão dos
"ana(lfabe)listas políticos"?
A continuar tudo
como está, as corporações vão comandar o governo Bolsonaro na marra e aprovar o
mínimo para que o Brasil não quebre, apenas para continuarem mantendo seus
privilégios.
O moribundo-Brasil
será mantido vivo por aparelhos para que os privilegiados continuem mamando. É
fato inegável. Está assim há 519 anos, morto, mas procriando. Foi assim,
provavelmente continuará assim.
Antes de Bolsonaro
vivíamos em um cativeiro, sequestrados pelas corporações, mas tínhamos a falsa
impressão de que nossos representantes eleitos tinham efetivo poder de
apresentar suas agendas.
Era falso, FHC foi reeleito
prometendo segurar o dólar e soltou-o 2 meses depois, Lula foi eleito
criticando a política de FHC e nomeou um presidente do Bank Boston, fez reforma
da previdência e aumentou os juros, Dilma foi eleita criticando o
neoliberalismo e indicou Joaquim Levy. Tudo para manter o cadáver procriando
por múltiplos de 4 anos.
Agora, como a
agenda de Bolsonaro não é do interesse de praticamente NENHUMA corporação (pelo
jeito nem dos militares), o sequestro fica mais evidente e o cárcere começa a
se mostrar sufocante.
Na hipótese mais
provável, o governo será desidratado até morrer de inanição, com vitória para
as corporações. Que sempre venceram. Daremos adeus Moro, Mansueto e Guedes.
Estão atrapalhando as corporações, não terão lugar por muito tempo.
Na pior hipótese
ficamos ingovernáveis e os agentes econômicos, internos e externos, desistem do
Brasil. Teremos um orçamento destruído, aumentando o desemprego, a inflação e
com calotes generalizados. Perfeitamente plausível. Claramente possível.
A hipótese nuclear
é uma ruptura institucional irreversível, com desfecho imprevisível. É o Brasil
sendo zerado, sem direito para ninguém e sem dinheiro para nada. Não se sabe
como será reconstruído. Não é impossível, basta olhar para a Argentina e para a
Venezuela. A economia destes países não é funcional. Podemos chegar lá, está
longe de ser impossível.
Agradeçamos a Bolsonaro, pois
em menos de 5 meses provou de forma inequívoca que o Brasil só é governável se
atender o interesse das corporações. Nunca será governável para atender ao
interesse dos eleitores. Quaisquer eleitores. Tenho certeza que esquerdistas
não votaram em Dilma para Joaquim Levy ser indicado ministro. Foi o que
aconteceu, pois precisavam manter o cadáver Brasil procriando. Sem controle do
orçamento, as corporações morrem.
O Brasil está
disfuncional. Como nunca antes. Bolsonaro não é culpado pela disfuncionalidade,
pois não destruiu nada, aliás, até agora não fez nada de fato, não aprovou nada,
só tentou e fracassou. Ele é só um óculos com grau certo, para vermos que o rei
sempre esteve nu, e é horroroso.
Infelizmente o
diagnóstico racional é claro: "Sell".
Autor
desconhecido"
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